Review Livro Pense de Novo Adam Grant

O que seria mais importante que a inteligência? Para o autor do livro, seria a capacidade de repensar e desaprender.

Nesse livro, o psicólogo Adam Grant traz estudos e evidências para que possamos aprender a atualizar nossas próprias opiniões já formadas, como abrir a mente de outras pessoas e como ter conversas difíceis sobre assuntos polêmicos em um mundo polarizado.

Ao longo do livro, o autor traz diversas histórias e estudos interessantes. Eu, particularmente, adoro a forma que o autor escreve seus livros. A leitura é fácil e fluida.

Grant diz que temos medo do próprio ato de repensar e que parte do problema é a “preguiça cognitiva”: “Repensar algo em que acreditamos piamente é uma ameaça à nossa identidade, nos dá a sensação de que estamos perdendo parte de nós”. E ele ainda afirma que ao rever nossos pensamentos, podemos encontrar soluções novas para problemas antigos.

Grant cita o trabalho de Phil Tetlock que criou a seguinte tese: quando pensamos e falamos, podemos assumir 3 tipos de identidade. São elas: pastor, advogado ou político.

O modo pastor entra em ação quando nossas crenças sagradas são desafiadas – queremos promover nossas ideias mediante pregações.

O modo advogado quando observamos falhas no raciocínio da outra pessoa – queremos ganhar a discussão apresentando argumentos às teorias contrárias.

O modo político entra em ação quando tentamos conquistar uma platéia – fazemos campanha e lobby para promover nossas ideias.

Para buscar a verdade, precisamos entrar no modo CIENTISTA. Analisar dados e informações é fundamental, além de manter a mente sempre aberta.

Em um mundo cada vez mais polarizado é comum entrarmos em discussões, especialmente nas redes sociais. Cada indivíduo tem direito à sua opinião, no entanto, de acordo com o autor, a partir do momento em que expressamos o que pensamos, temos a responsabilidade de nos basear em fatos, evidências e na lógica e não apenas no achismo.

Grant conta a história de um ex aluno de Harvard que participou de um estudo de Henry Murray. Esse ex aluno é Ted Kaczynski que se tornou um terrorista e anarquista (hoje preso). Ele sempre demonstrou pouca consideração por pontos de vista diferentes. Adam se pergunta: se ele tivesse questionado suas opiniões, será que ele ainda conseguiria justificar todos seus atos violentos?

Além de precisarmos entrar no modo cientista, para que possamos influenciar outra pessoa a repensar, Grant traz ferramentas utilizadas por negociadores habilidosos: ouvir e expressar curiosidade pelo pensamento do outro ao invés de atacar, gritar, dar lição de moral ou manipular.

Uma dessas ferramentas é a “entrevista motivacional”. O processo envolve fazer perguntas abertas, escutar de forma reflexiva e afirmar a capacidade e o desejo da outra pessoa de mudar e repensar suas crenças. Na verdade, não conseguimos motivar alguém a mudar, o que podemos fazer é ajuda-lá a encontrar sua própria motivação. Reforce a liberdade de escolha do outro.

No processo de perguntas, pergunte: “Como você chegou a essa opinião?” / “Que evidências fariam você mudar de ideia?”. O livro traz muitas outras ferramentas.

Grant fala sobre a construção de crenças quando somos crianças e traz métodos que podem ser aplicados pelos pais para, desde pequenos, aprendam a repensar. Por exemplo, uma conversa semanal durante o jantar para desvendar mitos ou incentivá-la a criar rascunhos de desenhos e histórias e pedir a opinião dos outros para poder melhorar e revisar suas ideias. Por último, o autor escreve um trecho sobre a pergunta “O que você quer ser quando crescer?”. Ele diz que essa pergunta traz limitações, pois ninguém precisa ser uma coisa só, podemos ser várias e podemos mudar de carreira ao longo do tempo.

Grant fala sobre o problema da polarização e que ouvir uma opinião oposta não motiva alguém a repensar a própria posição. Na verdade, só aumenta seu apego por ela. Isso se chama “viés binário”: simplificar um tema complexo em apenas dois lados/duas visões.

Um antídoto para o problema do viés binário é complicar: trazer as diversas perspectivas sobre o assunto em questão. Pesquisas sugerem que existem pelo menos 6 correntes de pensamento sobre um assunto (e não apenas 2).

Pesquisas apontam que reconhecer a complexidade de um tema não diminui os efeitos de convencimento, pelo contrário, isso gera mais confiança no ouvinte.

O ato de repensar foi aplicado pelo governador de NY quando o país enfrentava uma das maiores crises. Ele anunciou: “Pegar um método e testá-lo é uma questão de senso comum: se não funcionar, precisamos admitir isso e tentar outra coisa. Mas, acima de tudo, é preciso tentar.”.

Os jornais criticaram sua fala. E os críticos estavam errados. O citado governador era Franklin Roosevelt (em 1932) e o princípio da experimentação (tentativa e erro) se tornou um marco de sua liderança. Tanto é que ele foi eleito presidente 4 vezes. Ele não discursava como pastor, advogado ou político. Ele falava no modo cientista, de forma humilde, mas confiante.

O autor acredita que “a experimentação corajosa e persistente pode ser a melhor ferramenta para repensamento”, especialmente em questões complexas como pandemias, mudanças climáticas e política.

E você, já repensou alguma crença ou pensamento ao longo dos anos? 

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